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Wednesday, October 29, 2003

Golo


Depois do aquecimento, os jogadores recolhem aos balneários. È o último jogo do Campeonato e só a vitória interessa para garantir o primeiro lugar. O estádio está completamente lotado num ambiente de festa, que transborda para além dos limites do estádio, pois o encontro é transmitido para todo o País, onde milhões de adeptos esperam ansiosos pelo apito inicial.
Já no balneário, o ponta-de-lança da equipa da casa, telefona para a sua esposa, a saber se ela já se encontra no estádio. A sua mãe telefonou e ela está a acabar de sair da sua casa, ao que chegará atrasada, mas irá. Desliga o telemóvel, nervoso. A sua esposa sempre foi vista como um talismã para ele e o facto de ela não assistir ao desafio de início perturba-o, as suas pernas tremem e a sua mente retêm aquele pensamento, de que a sua mulher chegará atrasada ao desafio.
Tem início o jogo, nas bancadas o público, festivamente, executa a “Hola”, enquanto a equipa da casa começa a “pegar no jogo”, procurando resolvê-lo cedo, pois só a vitória fará deles os novos campeões nacionais. À beira do intervalo, um defesa da equipa adversário comete falta para grande penalidade. O árbitro apita e aponta para a marca de grande penalidade e, em seguida, mostra o cartão amarelo ao defesa. O ruído das bancadas torna-se ensurdecedor. O ponta-de-lança avança para a bola, o guarda-redes move-se para o seu lado direito e a bola é rematada para o seu lado esquerdo, não havia nada a fazer, mas a bola caprichosamente vai ao poste e sai pela linha de fundo, pontapé de baliza que o árbitro não deixa marcar pois estão findos os primeiros quarenta e cinco minutos.
Desiludido, ele volta aos balneários e telefona novamente para a sua esposa. Esta encontra-se neste momento presa num grande engarrafamento e não vê jeito de sair dele tão cedo. O ponta-de-lança promete-lhe então um golo e volta ao campo com essa promessa em mente.
Os minutos vão passando e só à beira do fim do jogo é que o engarrafamento foi ultrapassado e a velocidade normal é retomada. A criança impaciente e sem noção do que se passa, remexe-se e tenta-se livrar do cinto que a mantém imobilizada há demasiado tempo. A mãe diz para ele estar sossegado e vira-se para o ver melhor, esquecendo-se de prestar atenção aos outros carros.
No campo, os minutos passam e a festa começa a dar lugar à impaciência dos adeptos, que começam a assobiar. Nisto, um cruzamento bem medido por parte do extremo-esquerdo, encontra a cabeça do ponta-de-lança, que cabeceia para o fundo das redes adversárias fazendo a festa da vitória.
A mulher, alheia ao que se passa na estrada, tenta prender o filho, nisto, olha e vê que vai chocar com um outro carro à frente e trava a fundo. O filho, liberto do cinto que o prendia à cadeira de bebé, voa e embate contra o vidro do carro, estilhaçando-o, enquanto na rádio, o comentador desportivo grita o golo do progenitor.

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Saturday, October 25, 2003

Diversos



Hoje escrevo só por uma razão. Embora um amigo tenha dito que este blog está a ter demasiados comentários futebolísticos, vou voltar a abordar, mas após o dia de hoje vou tentar ao máximo evitar comentar o futebol, sendo certo que é difícil para alguém formado em Desporto.
O dia de hoje em Portugal, quer se queira, quer não, é a inauguração da Catebral do Futebol, o novo Estádio da Luz, um estádio moderno, que é uma prenda de anos antecipada pelo centenário do Sport Lisboa e Benfica.
Seguindo em frente, e sem falar de desporto, passo para uma visão actual da caixa mágica que mudou o Mundo. Os canais nacionais privados estão em decadência tão grande como os seus outros dois companheiros públicos. Séries de qualidade como Push, Nevada, que hoje assisti na Sic Radical já não fazem paste da grelha televisiva que compunha antigamente esses canais. Bons tempos em que a TVI apresentava séries como Profiler, Babylon 5, Ficheiros Secretos, Profiler, Ally McBeal, Causa Justa e Seinfeld, entre outros grandes programas. Actualmente alguma das referidas séries passam em canais de cabo, em que muitos portugueses ainda não têm acesso e são quase forçados a ver o Big Brother, na sua já sexta série, presumo que nenhum outro país do mundo tenha tido tantas edições, e a completar o ramalhete a ficção nacional, que acaba por perder muito qualidade quando repetem metade do último episódio no novo que começa, transformado a trama, em algo diluído e lento, durando como no caso do Anjo Selvagem, mais de um ano. De aplausos na TVI, só os comentários de Domingo, no Jornal Nacional, de Marcelo Rebelo de Sousa.
Na Sic, vê-se programas a ter sucesso, sem o mínimo de qualidade como o caso de Malucos do Riso, que dura à imensos anos, mas do que o devido.
Atenção, não quero aqui deixar a ideia que só os canais de cabo é que são bons e que é tudo óptimo, existem programas ou canais que também não estão bem, sendo o caso mais visível a MTV Portugal, que não possui nenhum programa gravado em português e feito cá, sendo um canal praticamente igual ao que era anteriormente. Outro caso são dois programas da Sic Radical: O Homem da Conspiração, em que nem Nuno Markl tem piada, nem os textos que ele interpreta e o Curto-Circuito, que depois da saída de Rui Unas e de Fernando Alvim, perdeu totalmente a piada, possuindo actualmente um apresentador medíocre como Pedro Ribeiro.
Por hoje fico por aqui, não prometendo, mas tentando ao máximo evitar falar sobre Futebol.

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Friday, October 24, 2003

A Fotografia

Artur aponta a sua máquina digital na direcção de Eva, ela sorri, um sorriso franco, mas ao mesmo tempo, esconde a cara embaraçada. Sente-se vigiada, ali no café por todas aquelas faces conhecidas da vida mundana e tapa os olhos. Porque será que os olhos são os primeiros órgãos que se escondem quando não queremos ser fotografados? Será por serem o espelho da alma ou não queremos revelar o nosso estado de espírito? Não se quer mostrar a falta de alegria, a falta de brilho de vida, o contentamento de se estar vivo, de existir.
A felicidade é efémera e a tristeza uma constante. As palavras podem mentir, mas se exceptuarmos a boca, o corpo não mente. É demasiado honesto, especialmente os olhos. Daí provêm a reacção instintiva de tapar os olhos, a tentativa de se ocultar o que se sente. As palavras são uma máscara que se usa. Um meio de comunicação refinado pelo Homem, uma evolução que se esqueceu da linguagem instintiva do corpo.
Artur percebe que apesar da aparente felicidade que dela emana, seus olhos revelam tristeza, algo que ela tenta esconder, pois sabe que assim que a imagem ficar retida para sempre naquele pequeno visor, ele se aperceberá.
O que é uma fotografia? Uma tentativa falhada de imortalizar alguém. É um fracasso, porque uma pessoa é mais do que o que é capturado. O que se capta é um momento apenas, um milésimo de segundo que fica gravado para sempre, com um sorriso forçado e que não nos revela. A fotografia não ri, não chora, não pisca os olhos, não sente, não pensa. Numa fotografia, não somos nós que aparecemos, apenas o invólucro porque a máquina é incapaz de captar a alma de uma pessoa. E se já por si mesma é incapaz de captar a essência de uma pessoa, qual a necessidade instintiva de tapar a face rosada de embaraço?
Como foi dito, a felicidade é passageira e esta está a chegar ao fim da sua viagem. Eva sente isso e tenta adiar ao máximo. Teme que a fotografia apresse o curso normal do destino, então rejeita ser fotografada.
Artur também se apercebe que esta relação terá de terminar, embora isso não seja o seu desejo e então sorri. Ficam ambos assim. Durante longos instantes. Neste silêncio confortável. Um silêncio que ambos prezam, não existe a necessidade de palavras, que poderiam estragar este momento. Ele estende a mão e acaricia-lhe a face. Ela sorri ainda mais, fecha os olhos e desvia a cara beijando-lhe a mão.


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As Praxes



Na actualidade existem estórias cíclicas, que ano após ano vêm marcar uma determinada estação, no Verão temos os incêndios florestais e no Outono temos as praxes.
As praxes são um assunto sempre envolto em polémico, os abusos e as humilhações dos caloiros são repetidas de ano para ano, mas a bem de uma recepção que é um elemento integrador do novo aluno, nada é feito para impedir os excessos.
Este ano, a Instituição visada foi o Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, em que pais de caloiros protestaram contra uma praxe sexual violenta, onde novos alunos foram obrigados a atar os seus pénis a cordéis e também a beber um copo de água depois de outro aluno ter lá mergulhado o seu pénis. Estas práticas são estúpidas e pessoalmente não vejo qual a sua utilidade integradora, quando se sente prazer em humilhar os nossos semelhantes, para mais em pessoas que frequentam um ensino dito superior. Nas Faculdades, entram na sua maioria alunos com 18 ou mais anos, logo o facto de eles serem pintados revela a meu ver, imaturidade por parte dos veteranos, que se divertem como crianças da primária, o que é ridículo. Quando tentam fazer praxes de diferente nível recorrem à humilhação, através de práticas que não dignificam a condição humana, a bem de uma falsa integração, pois a verdadeira integração é apenas e tão só a escolha de padrinhos e madrinhas, pessoas que os possam ajudar na transição que existe entre o Ensino Secundário e o Superior.
E o pior é que nada é feito para terminar de vez com estas características negativas da praxe, praticada por futuros médicos, engenheiros, advogados, cientistas, etc. A praxe deve existir? A resposta a meu ver é sim, mas nunca nos moldes feitos na actualidade. A entrada numa Universidade deve ser um motivo de festa e não de humilhação.

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Thursday, October 23, 2003

Nandrolona


A nandrolona, substância dopante que esteve na ordem do dia na época de 2000/2001 volta a atacar a Itália. Desta vez, é o jogador do Inter Mohammed Kallon o visado. Depois, da referida época e com uma época tranquila de premeio, volta-se a falar da referida substância, o que obviamente não é bom, por duas razões:
1ª- Retorna da suspeição sobre o Futebol e sobre o desporto em geral;
2ª- Esta época termina com o Campeonato Europeu de Futebol, e com estes casos, pode haver um descrédito no evento por parte dos espectadores.
Se bem que estes casos devem ser devidamente punidos, não é menos verdade que as pessoas querem ver em acção os melhores dos melhores e não os melhores dos não-dopados.
Se o referido jogador, pela sua nacionalidade nunca poderia alinhar num Campeonato Europeu de Selecções, o que deixa, por ora, intacta a nata do futebol europeu, é real a possibilidade de ser o primeiro futebolista apanhado, num novo ciclo, o que se espera que não se concretize, pois é mais um descrédito ao Futebol e ao Desporto em Geral. Para mais, chegam as suspeições da imprensa sueca sobre a equipa do Sporting.
Para finalizar, a notícia de que o melhor futebolista português pós-Eusébio vai abandonar a selecção findo o Euro-2004 é uma notícia que me entristece, pois após o Europeu, visto que muitos outros futebolistas também seguirão o exemplo de Figo, ele deveria se manter na selecção, como elo de ligação entre a mística de um passado recente e as gerações ambiciosas de jovens jogadores que se estão a espalhar rapidamente por esta Europa fora.

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Wednesday, October 22, 2003

Record

A vida, como todos sabem não é só feita de bons momentos, a nível pessoal, nem estou nos melhores momentos, mas mesmo assim existem sempre apontamentos que nos colocam um sorriso na cara.
Estava eu a jantar à pouco, estando com um ouvido na televisão do meu quarto a ouvir os comentários do Marselha – Porto e a ter se assistir ao Jornal da Noite da TVI, qual não é a minha admiração por saber que existe um novo recorde ao nível da taxa de alcoolemia no sangue, nada mais, nada menos do que 4, 55 g/l!
Dito isto só tenho a dizer algumas palavras; obrigado a esse condutor por conduzir em tal estado, deviam existir mais pessoas como ele, assim tão inconscientes que põem em perigo tantas pessoas, alheias a esse facto. Continua a beber!

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Monday, October 20, 2003

Kingsley – Parte II


Hoje, depois de mais um fim de semana desgastante, ao acordar estava longe de imaginar que iria escrever alguma coisa para a minha nova alegria, o meu blog. Queria descansar um pouco, mas, como leitor assíduo do jornal “Record”, constatei com alegria um artigo de duas páginas, com o já citado por mim noutro artigo, o jogador Kingsley.
Mas, como sempre, existem pessoas que acham que devem procurar a sua parte na glória, qual não é o meu espanto, ao ver o jornalista António Tadeia citar o ex-treinador do Caldas, Francisco Barão, dizendo este que tinha ido buscar o referido jogador à 3ª Divisão, quando na referida época, em que o jogador ingressou no Caldas, esse senhor treinava o Estrela de Portalegre e o treinador que apostou em Kingsley, foi Eduardo Silva, actual técnico do Beneditense.
Francisco Barão, foi um técnico incapaz de criar empatia com os sócios e simpatizantes do Caldas Sport Clube, especialmente pela sua atitude cobarde no banco de suplentes, onde só se manifestava a plenos pulmões quando a equipa adquiria vantagem no marcador, pois de resto estava calado e se a equipa começava a perder em casa, logo se sentava.
Como sócio do Caldas, não me agradou a saída do treinador Eduardo Silva e a sua substituição por um amigo pessoal da Presidente Fernanda Teles e um episódio passado depois de um jogo no Campo da Mata, a poucos passos de mim, criaram-me uma imagem do Senhor Francisco Barão, de uma pessoa demasiado arrogante para as suas capacidades reais. A maneira como abandonou o Caldas Sport Clube, também demonstra bem a sua falta de carácter e pelos vistos a palavra mentiroso (a ser verdade que essas palavras escritas foram por si ditas), é uma palavra do seu dicionário.
Para terminar, refiro que vi ontem a reportagem da Sic Notícias ao jogador Kingsley, que continua igual a si mesmo. Que exemplos destes, dado por pessoas de responsabilidade no meio futebolístico, nunca sejam seguidas por ele, e que Kingsley mantenha a sua alegria dentro de campo.

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Sunday, October 19, 2003

A Brusquidão

Brusquidão, s.f. (de brusco). Qualidade de quem ou do que é brusco.
Brusco, adj. Áspero, desabrido. Arrebatado nos modos, nas palavras. Nublado, escuro. Triste, sombrio. Súbito, inesperado, repentino, imprevisto, rápido.

In Machado, José Pedro (1990) – Grande Dicionário da Língua Portuguesa, Ediclube, Lisboa



De cabelo ébano, solto e brilhante, olhos cor da esperança e um corpo formoso, ela dança ao som da música.
Apesar da garrafa da água que está na mão de um rapaz, próximo a ela e que a observa, a sua garganta está seca e a sua pulsação aumenta, só de a vislumbrar. É ardente o seu desejo de a conhecer, mas a sua mente procura as palavras certas para serem ditas e nenhuma lhe agradam.
O destino socorre-o e logo aparece um amigo que a conhece e trata de ir falar com ela. Poucas palavras são sussurradas ao ouvido de cada um e logo o seu coração acelera ainda mais com a iminente situação de a conhecer. Depois do cumprimento surgem uns clichés de ocasião, em que o riso dela é extremamente desagradável e os seus modos são... bruscos. Vem a desilusão, apesar de bonita, a brusquidão dos seus modos a torna repulsiva e a emoção de a conhecer é transformada em desilusão.



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JUIZ MASTURBADOR

Na edição de ontem do diário Correio da Manhã, encontra-se uma notícia no mínimo insólita, o caso de um juiz francês, que nas próprias palavras do autor do artigo “(...) masturbou-se em plena audiência, aparentemente incapaz de conter-se perante o encanto de uma advogada que apresentava os seus argumentos.”
Com a típica mania portuguesa de imitar os costumes que vêm de fora, não é de espantar que em breve, os advogados portugueses comecem a ter a concorrência de mulheres como Isabel Figueiras, Sofia Aparício, Raquel Loureiro ou Luísa Beirão, que serão contratadas para apresentar os seus “argumentos” aos juizes portugueses.
Voltando atrás e num tom mais sério, este caso passa-se com um juiz de 39 anos, que já tem um registo clínico de distúrbios psíquicos que datam de 1994, tendo estado durante os últimos 9 anos várias vezes de baixa, devido à sua condição mental e que inexplicavelmente continua a exercer as suas funções, decidindo casos sem que tenha a devida estabilidade psíquica.

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Saturday, October 18, 2003

Kingsley


Neste momento, na exageradamente denominada SuperLiga de Futebol, existe um nigeriano que esta a surpreender o panorama futebolístico nacional. Trata-se do jovem jogador, Kingsley, que actua na equipa do Beira-Mar, e que foi contratado à poucos meses atrás ao clube da minha terra, o Caldas Sport Clube.
O jogador, carinhosamente baptizado de “Cissé” pelas pessoas de Caldas é, com alguma surpresa o primeiro classificado do prémio, “O melhor de Record”, à frente de tantas vedetas consagradas. Surpresa para a generalidade, mas não para os adeptos e simpatizante do Caldas Sport Clube, que gostavam e acarinhavam este jovem, quando aqui actuava.
Obviamente que a sua presença no onze titular do Beira-Mar contribui para um acréscimo de qualidade no jogo da referida equipa, mas não lhe podemos atribuir o mérito absoluto, pois uma equipa não se faz apenas de um jogador e o Beira-Mar conta com outros excelentes executantes como Juninho Petrolina, que finalmente se revela na sua plenitude de pois de um par de épocas tapado por Ricardo Sousa, entretanto transferido para o Boavista, ou o holandês Wijnhard. Uma palavra especial também deve ser dirigida ao treinador, António Sousa, um homem que se mantém há imensas épocas em Aveiro, escapando incólume às famosas chicotadas psicológicas.
Mas voltando ao Kingsley, um jogador que ainda faz sonhar os (poucos) adeptos que ainda se arrastam pelos campos secundários do País, em entrevista efectuada à TVI, demonstra continuar a ser uma pessoa humilde e disposta a evoluir ainda mais. Desejo-lhe assim os maiores sucessos e que ele tenha uma estreia muito positiva, contra um dos denominados Três Grandes, pois nestes jogos e com as suas exibições é que se pode sonhar de duas maneiras: o próprio jogador, de que um dia poderá jogar ao mais alto nível, e o adeptos com as suas jogadas plenas de técnica de alto gabarito.

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Friday, October 17, 2003

Os olhos luzidios


Ela acorda na alvorada de um novo dia, seus olhos se abrem e abraçam o amanhecer. Livre das amarras opressoras, o ébano dos seus olhos reflectem a luminescência solar que absorvem. O seu sorriso é um mar de esperança, um oceano de tranquilidade. Levanta-se, todos os minutos perdidos não podem ser recuperados e todo o dia é uma nova bênção. A evolução da vida quotidiana deu-lhe as comodidades da vida, mas é na simplicidade, que ela encontra o sentido de existir, a alegria de respirar e de se sentir. Seus olhos, outrora vazios e baços, voltaram a luzir como as estrelas no firmamento imenso.

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Wednesday, October 15, 2003

O que aconteceria?

E se eu me virasse para ti e dissesse que eras a mulher da minha vida, o que fazias? Será que olhavas para mim e irias rir das minhas palavras ou me beijarias sofregamente? Será que também me dirias que me amas e que queres ser minha para sempre ou simplesmente me darias um beijo de afecto na cara, viravas-me as costas, partindo sem dizer uma palavra? Será que ainda me falarias na rua ou atravessavas para o outro passeio, afim de me evitar? Por que farias isso? Deitarias fora toda uma amizade construída? Ou não terias coragem para me desapontar e desiludir ou apenas não conseguirias exprimir os teus sentimentos por mim? Será que os teus olhos atraiçoariam as palavras que ficaram por dizer? Ou confirmariam a sua ausência? Conseguirias acordar no dia seguinte sem esboçar sequer um pensamento de tudo o que te disse? Conseguirias olhar-me nos olhos, como te miras ao espelho? Ou olhas para o espelho e sentes embaraço do que vês? Será que eu te amo e tenho uma maior consideração por ti, do que tu tens auto-estima? Tens sonhos e desejos por mim, ou não existimos como “nós”? Sentes o mesmo ritmo de paixão que eu sinto ou não tens música no coração?
Isto tudo era o que eu gostava de saber e de te perguntar. Tudo trespassa a minha mente nestes segundos, apetece-me expelir toda esta erupção de palavras, mas não. Definitivamente, não. O medo da rejeição, da perda da tua amizade é muito forte. Então fico embasbacado e especado, observando toda a tua aura dourada que emanas, enquanto esboças uma gargalhada, devido a uma piada tola que disse. Talvez amanhã seja o dia, mas hoje não.


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Desilusão

Confesso que sou do Benfica. Para muitos será visto como o meu maior defeito, para outros a minha maior virtude. Enquanto carrego nas teclas para formar estas palavras, na televisão vem o intervalo do jogo Benfica – La Louvière, ainda com um nulo no marcador. Mas não é sobre o Benfica em geral que quero escrever, é sobre um jogador em particular, aquele que eu mais antipatizo: Miguel.
Mas por que é que antipatizo com ele? Será a questão óbvia a ser colocada. Não simpatizo com ele devido, tão só e apenas pelo factor desportivo. Acho que ele é um jogador de futebol que não sabe fintar, nem sabe passar, as suas jogadas típicas são adiantar a bola e perdê-la para um adversário ou tentar passar a cinco metros de distância e deixar o passe ser interceptado. No entanto compreendo que ele seja um jogador necessário no clube.
Isto pode parecer ambíguo, mas não é. Todos os grandes clubes necessitam de um jogador assim como o Miguel, vejam o caso do Paulo Madeira à alguns anos e o caso do Secretário no Futebol Clube do Porto. E qual a grande importância destes elementos num grande clube? É simples: são estes os “coxos” que fazem sonhar toda uma juventude que espera actuar ao lado dos seus ídolos, observam os jogadores, conhecem todos e pensam assim: “Se este gajo não joga nada e está no Benfica, eu também posso lá chegar!”


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Bem-vindos


Eu, Paulo Pinheiro, 25 anos, licenciado em Motricidade Humana, dou as boas-vindas a quem aparecer no meu blog. Bem-vindos!



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Sobre a recente eleição do Governador Arnold




Apesar de não ir à terra que me viu nascer há já quase catorze anos e sentindo-me para já um genuíno português, é difícil não esquecer as “roots”, seja por que razões forem. Os portugueses por natureza são pessimistas, têm a mania da perseguição, o seu fado fatalista e acontecem-lhes as coisas mais absurdas, dignas do Terceiro Mundo, mas então o que dizer dos Estados Unidos da América, país que tem o maior Produto Interno Bruto do Mundo inteiro e são vítimas do ridículo?
A última grande ocasião deu-se com a eleição do (ex?) actor Arnold Schwarzenegger, como o novo governador do Estado da Califórnia, apenas o maior estado americano, com uma território semelhante ao da Espanha e neste momento com um défice das contas públicas astronómico.
Mas o problema em si, não é a pessoa que ganhou a eleição, mas sim todo o procedimento que aconteceu. Se perguntarem a alguém, o que têm em comum uma ex-actriz pornográfica, um pornógrafo, um actor de sucesso e um anão pensem bem na resposta, pois não é o maior espectáculo do Mundo, embora por uns tempos esta eleição dominou a realidade americana.
Que a auto-proclamada “Maior Democracia do Mundo”, tem leis estranhas, já todas as pessoas o sabiam, ou se não sabiam tomaram conhecimento com as recentes eleições presidenciais em que um Presidente foi eleito, tendo no cômputo geral menos votos, do que o seu opositor, agora que se transforme essas mesmas leis no ridículo que foram estas eleições para o Estado da Califórnia é muito diferente. A estória destas começa com um congressista republicano que devido à sua fortuna e descontentamento com o governador eleito, procura recolher as assinaturas de, pelo menos 12% dos eleitores votantes na última eleição, número esse que foi largamente ultrapassado. Tendo então direito ao chamado recall, esse senhor assumiu-se como candidato a novo governador da Califórnia, para se tornar apenas mais um entre um número significativo de candidatos, mais de meio milhar. E porquê este número absurdo de candidatos? Porque a lei é simples, todos os residentes da Califórnia que reunam 65 (?!) assinaturas e 3500 dólares (aproximadamente o mesmo em euros) pode ser um potencial candidato. Mesmo após uma triagem inicial, restaram os 135 candidatos oficiais que foram no passado dia 7 de Outubro às urnas. Nenhum destes 135 candidatos era o congressista que gastou da sua fortuna para permitir que isso se tornasse realidade, pois o Partido Republicano anunciou Arnold Schwarzenegger como o seu candidato.
Mas as leis americanas ainda ganham novos contornos, pois os dois principais candidatos não estão inseridos num mesmo boletim de voto, pois as eleições fazem jus ao seu nome e são mesmo eleições (que confusão!), pois os eleitores tiveram direito a dois boletins de votos. O primeiro boletim era para saber se a população achava que o governador deveria ou não ser destituído, o segundo era para saber que candidato deveria ser eleito, assim Gray Davis teve menos dos 50% dos votos necessários para a sua continuidade e Arnold pode seguir no trilho de Ronald Reagan, se a esperada 28ª Emenda da Constituição for aprovada e possibilite a candidatura à Casa Branca, dos naturalizados americanos, com um tempo mínimo de vinte anos de passaporte americano.
Depois desta complicação, pode ser muito fácil dizer, é maravilhoso viver em Portugal.

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- E se -



E se,
O mar deixasse de ser mar,
O céu deixasse de ser céu
Tu deixasses de ser tu,
O que seria de mim?

E se,
As estrelas deixassem de ser estrelas,
A Lua se afastasse,
O meu sono findasse,
O que seria de mim?

E se,
Perdesses o sal da vida,
Ficando torpe e envelhecida,
O que seria de mim?

E se,
Eu deixasse de sonhar,
Já nem com o teu olhar,
Se deixasse de sorrir,
Tudo me pudesse inibir,
O que seria de mim?

O vento aqui não canta,
Já nada me encanta,
O que foi feito de mim?




26/7/2003

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