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Wednesday, August 24, 2016

Medalhas Utópicas 



Esta semana ficámos a saber em primeira página no maior tablóide da imprensa escrita nacional que, por acaso, também tem um canal de notícias (??), que a medalha de bronze conquistada pela judoca Telma Monteiro, custou 17,7 milhões de euros ao Estado português! Eu não sou nem nunca fui jornalista mas, presumi que como qualquer outra profissão, fossem regidos por códigos deontológicos e éticos, que fossem rigorosos na abordagem dos assuntos que escrevem e que não mandassem disparates para o ar e ainda mais grave irem parar à primeira página. Mas, se os jornalistas falharam, por onde andam os editores que devem verificar todas as fontes e rigor jornalístico do que está a ser publicado? Talvez seja pedir muito a um jornal que perde tempo com “não-notícias” como resgates de microfones. Enfim, uma aberração nacional com tempo de antena. O prémio que a Telma Monteiro recebeu da medalha de bronze foi de apenas 17.500 euros e não os 17 milhões apregoados. Como se chegou a esse valor então de 17 milhões?? O jornalista quis criar um assunto a partir do nada e o jornal para que trabalha foi conivente. Esses 17 milhões e setecentos mil euros dizem respeito ao valor despendido para a preparação e participação de TODOS os atletas portugueses presentes no JO Rio 2016 e foi distribuído pelo ciclo olímpico, ou seja, durante 4 anos, o que perfaz a quantia de 4, 425 milhões ao ano por atleta. Mas, eu estou a fazer uma simples conta matemática, pois há atletas que não conseguiram o apuramento para os Jogos Olímpicos e estavam contemplados por bolsa e, vice-versa, atletas que não tinham bolsa e foram apurados. Ora, a 91 atletas, isso dá 48.626,37 € a cada atleta por ano. E querem medalhas???
                O desporto está cada vez mais profissionalizado, seja qual for a modalidade que se pratique e, os JO são o expoente máximo. Só os melhores conseguem lá chegar e, para lá chegar, os atletas têm de treinar. Para treinar precisam de treinador ou treinadores. Isso custa dinheiro, pois o treinador não vive do ar. Precisam de entrar em competições, nomeadamente internacionais, que também custam dinheiro em alojamento, alimentação, viagens. Os melhores atletas do planeta têm equipas técnicas formadas por treinadores, preparadores físicos, fisioterapeutas, psicólogos, observadores, etc. Todos eles necessitam de dinheiro para viver, como é que menos de 50 mil euros por ano dá para isso tudo? Facilmente verificamos que quem exige medalhas está desajustado do que é a realidade, ainda para mais em que o ensino da Educação Física no Ensino Básico está contemplado há bastantes anos e, não é feito em muitas escolas portuguesas… Somos um povo que retirou a disciplina de Educação Física da média dos alunos e, mesmo pessoas com formação superior desprezam aqueles que são formados em Desporto e Educação Física… O Desporto é uma das maiores indústrias do Mundo e, Portugal está a ficar para trás. O trabalho do futuro para o ser humano, passa por actividades em que ele é imprescindível, como Desporto e Música. Os trabalhos fabris criados pela Revolução Industrial são indústrias em que o factor humana cada vez mais é reduzido e substituído por máquinas que não se cansam, não tiram férias e trabalham à mesma velocidade o tempo que estiverem programadas para tal, sem queixas e sem abrandamentos (a não ser que avariem) e o ser humano só é necessário para reparar as avarias, daí que não sejam necessários tantos empregados como antigamente. Enquanto os nossos governantes não chegarem a essa conclusão, ter 24 medalhas olímpicas é um feito enorme para tão parco investimento no Desporto…
N’ “A Bola” de 23 de Agosto, numa página de artigo de opinião de um jornalista/escritor, esse mesmo artigo que Pinto da Costa, o Presidente do FC Porto apelidou de “nojento” mas por outras razões que não as que apresento, o jornalista/escritor caracteriza a participação portuguesa nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro como um desastre e, excluí as prestações de três atletas, Nélson Évora, Patrícia Mamona e Telma Monteiro e, refere que nem quer saber da história da falta de condições. Como apreciador deste jornalista, enquanto escritor e não como o ser humano (?) que é, também eu não gostava de ouvir desculpas há alguns anos, quando o mesmo foi assaltado e ficou sem um portátil e ter perdido “um ano de trabalho” em referência a dois livros que estava a escrever, afinal num mundo com discos externos, pens, cloud, onedrive, etc., perder 2 livros que estava a escrever e queixar-se é aberrante…
Em 2008, saiu um Decreto-Lei que criou a Cédula do Treinador, um documento que habilita e regula o exercício das funções de um treinador. Concordo plenamente com a sua existência, no entanto, o que é exigido aos Treinadores novamente não é pedido aos nossos governantes responsáveis… Estamos em 2016 e a plataforma continua sem a maioria das funcionalidades activas, o desporto não dá dinheiro em Portugal e para receber formação muitos têm de ir ao estrangeiro para a receber e, têm igualmente um emprego paralelo. A lei não contempla a justificação de faltas por participação em formações no estrangeiro, entre outras coisas… no país que apesar de não investir para isso, quer medalhas!!

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