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Friday, June 05, 2009


Reflexão séria sobre o Futebol em Portugal precisa-se

Tenho andado a evitar pegar neste assunto, de forma a evitar mal entendidos sobre o que quero dizer, mas acho que chegou ao fim essa tentativa de evitar. Presumo que este post vá ficar longo, pois não pretendo deixar passar algo que possa ser ambíguo no que me refiro. Primeiro o que me leva a escrever isso é o caso do futebol sénior do Rio Maior, mas puderia até ser o caso dos primodivisionários E. Amadora, V. Setúbal, a decadência do Boavista ou outra coisa qualquer que seja insustentável no futebol português.
1º Ponto - os clubes têm de honrar os seus compromissos, seja com atletas, seja com fornecedores, seja com o que fôr. Quer se goste ou não, qualquer clube, mesmo que seja de bairro, a partir do momento que assina contratos com os seus atletas deve respeitar o que está estipulado, nomeadamente em relação à remuneração, quer esta seja grande ou pequena. Os clubes assinaram de livre vontade esses contratos, não me lembro de nenhuma estória em que um jogador obrigasse um clube a assinar nenhum contrato, logo não devem assinar a prometer um ordenado que não podem cumprir.
2º Ponto - os jogadores. Se para mim é certo o 1º ponto, não deve ser menos verdade que os jogadores das divisões secundárias (da 2ª divisão B inclusive para baixo)devem ter noção de que nos dias que correm, não se pode ser profissional de futebol em tais clubes. Não quero dizer que não devam receber uma remuneração por isso, o que quero dizer é que a sua vida não pode depender disso exclusivamente. A carreira é curta e o pé de meia para atletas das divisões secundárias é infinitamente mais pequeno do que o de futebolistas de topo.
3º Ponto - Em Portugal, e numa realidade utópica, só 32 equipas é que eventualmente interessam para se ser futebolista profissional. E como se chega a esse número? É a soma das equipas da 1ª Liga com as equipas da 2ª Liga, pois são estas as equipas alegadamente profissionais e que deveriam ter o salário em dia com os seus atletas, pois até têm que apresentar garantias bancárias para proceder à sua inscrição e consequente participação nas provas profissionais. Na prática, não se sabe que garantias são estas pois já citei dois casos de clubes profissionais que não pagaram diversos meses de salários aos seus atletas.
4º Ponto - A partir dessas 32 equipas, podemos fazer um exercício hipotético de quantos lugares em aberto existem para futebolistas profissionais. Se cada um desses planteis tiver 25 jogadores, isso dá um total de 800 lugares para futebolistas profissionais.
5º Ponto - Desses 800 lugares para jogadores profissionais, temos de descontar o número de jogadores estrangeiros, que não sei se rondará a metade, mas para não ser muito pessimista, cifremos o número de estrangeiros em 350, o que daria cerca de 450 lugares nos planteis profissionais para jogadores portugueses. 450 é muito pouco para os milhares de filiados nas diversas associações de futebol do país, ou seja, a esmagadora maioria deve jogador futebol como um passatempo que lhe dará algum dinheiro, mas não deve ser a fonte principal do seu rendimento profissional, pois se nem os clubes profissionais andam a honrar os seus compromisso quanto mais os clubes pequenos e sem meios.
6º Ponto - O clube e as autarquias locais. Este é o grande balão de oxigénio da maioria dos clubes pequenos, no entanto, as premissas estão misturadas em tudo isto. O dinheiro que os clubes recebem, alegadamente, são para as camadas jovens do clube, para os escalões não séniores. Esse dinheiro deveria ser dado consoante o número de atletas que têm e em que divisões esses jovens jogam (nacionais ou distritais). Apesar dessa ser a teoria, como se acha o dinheiro que é dado aos clubes? Dou um exemplo, os valores são fictícios): Clube A - Época 08/09 - equipa sénior joga na 2ª divisão B, juniores, juvenis, iniciados e infantis todos na distrital - câmara paga 20 mil euros por mês; Época 09/10 - equipa sénior joga na 3ª divisão, juniores, juvenis, iniciados e infantis todos nos nacionais - câmara paga 15 mil euros por mês.
Assim, mesmo que as deslocações com as camadas jovens tenham aumentado e os resultados tenham sido francamente positivos, a descida de divisão dos séniores é que ditou a descida do subsídio dado ao clube.
7º Ponto - Federação Portuguesa de Futebol. Simplesmente ridícula. Os quadros competitivos não prestam. A 2ª divisão é a grande prova disto tudo. 2ª divisão? Então onde está a 1ª Divisão??? Temos 1ª Liga, 2ª Liga, a seguir deveria vir 3ª Liga ou para distinguir as provas profissionais das não-profissionais, 1ª Divisão. Sabemos que seria uma 1ª Divisão de treta e que equivale a uma 3ª Divisão, mas seria coerente. No entanto, encontrar coerência nesta federação parece um pouco difícil. Temos então 4 zonas dentro da 2ª Divisão com cerca de 14 clubes cada uma, no final só sobem 2 clubes. Qual o interesse em ter uma equipa numa divisão destas? Para 90% dos clubes eu diria que o interesse é zero.
8º Ponto - Que futuro? Pessoalmente, olho para o exemplo da NBA e acho que é o caminho a seguir, não só para o futebol português mas para o futebol europeu em geral, que é a existência de uma liga europeia, com várias divisões. Não aprecio, por exemplo, que o Liverpool tenha ganho à alguns anos a Liga dos Campeões quando não ganha o campeonato inglês desde 1989! Então aquilo é uma liga dos campeões ou liga dos campeões aos 4ºs classificados??? Chamem-lhe Euro-Liga, chamem-lhe o que quiserem, desde que não se chame Liga dos Campeões. Quanto aos nacionais, acabariam por ser mais nivelados em termos de resultados, se considerarmos que com os clubes primodivisionários jogariam o Benfica B, Sporting B e Porto B e restantes primodivionários que não tivessem equipa na Euro-Liga.
9º Ponto - Esta Euro-Liga, não pedira ser aberta a clubes sem expressão, sejam de que país fores e não deverá haver descidas para além das 3 divisões que abrangem. Assim, clubes como o Celtic, Milan, Barcelona, Lyon, Anderlecht, Ajax, etc, nunca poderia perder o seu lugar na Euro-Liga para clubes como o Raith Rovers, Catania, Gijón, Ajaccio, Genk ou Roda, por muito respeito que esses clubes possam merecer. E porquê? Pelas mesmas razões que outros clubes americanos de Basketball não se misturam com os clubes da NBA.
10º Ponto- Este post já vai longo e acho que para já não haverá nada a acrescentar, pelo menos até eu efectuar uma segunda leitura.
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