Silencio. No hay banda. No hay orquestra

Acabei ontem de ler um livro que há muito esperava ler, o já citado no título, A Verdade da Mentira de Gonçalo Amaral. Sei que muita gente quer ler ou já leu o livro, mas a razão porque o fiz, imagino ou quero imaginar que seja diferente da maioria das pessoas. Lembro-me bem do caso e quase desde a primeira hora que achei algo de esquisito naqueles pais, ainda se falava de rapto e eu, ao jantar a ver um telejornal disse que achava que os pais estavam a inventar tudo e que eles devem ter morto a garota. A minha mãe não gostou de ouvir. Disse que eu nem devia dizer uma coisa daquelas, que eu falei porque não tinha filhos, que os filhos eram a coisa mais preciosa que existia no mundo e que eu nem imaginava o que aqueles pais estavam sofrendo. Não continuei a alimentar ali uma discussão, mas nunca senti nada de bom vindo daquele casal. Voltemos então a livro. Ao contrário do que eu esperava no livro, Gonçalo Amaral não cede à tentação de descrever o que ele presume acontecer, apenas cita os factos da investigação que ocorreu após o desaparecimento. Para quem procurar resposta fácil no livro, desenganem-se. O livro abre mais questões sem resposta, do que responde a algumas questões. Quem são o casal McCann na verdade? Não se sabe. Porque logo após o rapto aparece um diplomata para o caso quando tal é completamente desnecessário? Porque fizeram uma campanha para refutar as provas achadas pelos cães, afinal estes cães eram os mesmos que resolveram outros casos importantes com um precisão incrível e apenas não servem para o casal McCann? O que leva a polícia britânica a reter informações pertinentes da investigação portuguesa? Estas e outras questões aparecem no livro, mas o autor não cai no facilitismo de responder de forma hipotética, deixa as questões no ar, esperando que um dia a gravidade actue e faça com que elas sejam respondidas.