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Tuesday, January 17, 2006

Relembrando António Botto


Gosto às vezes de relembrar, citações ou passagens daqueles livros que lemos e nos marca, um desses livros é da autoria de António Botto, um nome muitas vezes esquecido. Aqui fica um dos seus poemas, para relembrarou ou simplesmente conhecerem:
"A culpa não é tua.
Eu é que não devia ser assim;
Sei muito bem que um canteiro
Não pode ser um jardim.

Devia contentar-me e não pedir
Constantemente mais e sempre mais
- Como se em ti houvesse a grande base
Da minha interminável fantasia!

A culpa não é tua;
Quis transformar o que era simpatia
Num grande amor, numa paixão sem fim,
E afinal, tropecei no idealismo
Da minha embaciada lucidez;
Sim, a culpa não é tua:
Um canteiro não pode ser um jardim,
E eu tenho errado tanta vez!...

É justo que me veja desprezado
Sem apego a mim próprio e sem ninguém!
- Quem me manda abraçar o que não tem
Alicerces que possa convencer
- Espírito, carácter, compostura,
E aumentar nesse abraço o infinito
Da minha sensualíssima loucura?

Quero-te bem, no entanto. Adeus!, e continua
No caminho da tua perfeição!

A vida não é mais
- perdoa esta banal imagem de amoroso,
Que o reflexo de um ai na confusão
De uma luta onde aquele que é vencido
É o que tem razão."

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