Tuesday, August 17, 2004
Mudança
Abruptamente tudo definha. frágil como a própria vida. tudo muda, incluindo a Mudança, já o dizia Camões. E com razão. Olho-te e não te vejo. Ouço-te e não te entendo. Se calhar, nunca entendi. Não sei. O teu rosto indefinido como um enigma pronto a resolver. A tua cara é séria, no entanto pareces esboçar um sorriso trocista, zombando de mim, da minha incompreensão. Da incapacidade latente que me impede de atingir a plenitude da consciência de saber quem és, como és. E não existe outra chance. Nestes cinco minutos mudaste, pronto. Foi alguma coisa que te disse, algo que pensei? Um gesto inconsciente que te despertou a mudança? Olá! Estou aqui! Fala! Diz alguma coisa! Poderia ter dito tudo isto, ou apenas uma das frases, mas não digo nada. Limito-me a olhar-te nos olhos, esperando que compreendas o que sinto, mas não consigo dizer. Silenciosamente levanto-me. Infantilmente até. Secretamente desejando que quando virar as minhas costas tu grites o meu nome e fales comigo. Sei que não o farás. És orgulhosa. Mas levanto-me à mesma. Sou teimoso. Pela visão periférica vejo que esboças uma reacção. Durante apenas um instante. Nada mais. Parto e não olho para trás. Olhas para a frente e não partes.
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Abruptamente tudo definha. frágil como a própria vida. tudo muda, incluindo a Mudança, já o dizia Camões. E com razão. Olho-te e não te vejo. Ouço-te e não te entendo. Se calhar, nunca entendi. Não sei. O teu rosto indefinido como um enigma pronto a resolver. A tua cara é séria, no entanto pareces esboçar um sorriso trocista, zombando de mim, da minha incompreensão. Da incapacidade latente que me impede de atingir a plenitude da consciência de saber quem és, como és. E não existe outra chance. Nestes cinco minutos mudaste, pronto. Foi alguma coisa que te disse, algo que pensei? Um gesto inconsciente que te despertou a mudança? Olá! Estou aqui! Fala! Diz alguma coisa! Poderia ter dito tudo isto, ou apenas uma das frases, mas não digo nada. Limito-me a olhar-te nos olhos, esperando que compreendas o que sinto, mas não consigo dizer. Silenciosamente levanto-me. Infantilmente até. Secretamente desejando que quando virar as minhas costas tu grites o meu nome e fales comigo. Sei que não o farás. És orgulhosa. Mas levanto-me à mesma. Sou teimoso. Pela visão periférica vejo que esboças uma reacção. Durante apenas um instante. Nada mais. Parto e não olho para trás. Olhas para a frente e não partes.
