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Saturday, February 07, 2004

Ontem no Correio da Manhã



Na edição de ontem (5/2/2004) do diário Correio da Manhã, existe uma notícia no mínimo insólita, e que me provocou mais risos, do que qualquer episódio ou anúncio ao Homem da Conspiração. O título dizia assim:

“Azarado - passou uma noite sem assistência médica

CORTOU PÉNIS A ABRIR PACOTE”

Logo no título, nota-se por parte do autor da notícia, um irônico sentido de humor, pois podia perfeitamente ter escolhido a palavra embalagem para substituir o ambíguo pacote, de significado mais amplo e com associações em termos de gíria ao ânus. E findo o título continua a notícia:
“Um homem de 27 anos perfurou o pénis de um lado ao outro, com uma navalha, quando tentava abrir um pacote de vinho, no final de um jantar com dois amigos realizado na Chamusca.
Apesar de se ter dirigido a duas unidades de saúde, Vítor Carapinha não conseguiu ser assistido por um médico e precisou que um polícia lhe emprestasse dois euros para voltar a casa, sem curativo.”

Mesmo tendo visto a reconstituição fotográfica do acontecimento, em que ele mostra uma embalagem de vinho entre as pernas e uma navalha na mão, confesso que continuo sem perceber como é que ocorre tal acidente, a não ser que o infeliz acidentado tenha uma haste de bandeira, no lugar onde deveria existir o dito pénis.
“Foi um acontecimento insólito e uma noite azarada, que recorda com o sorriso próprio de quem sabe rir da infelicidade, mas reconhece que apenas por milagre não sofreu lesões incapacitantes.”
Bem, palavras para quê?
“A navalha ficou mesmo junto à artéria principal. Se fosse um dedo ao lado eu apagava, batia a bota”, afirmou ontem ao Correio da Manhã.
Um dedo ao lado? Bom neste momento acho que me começo a sentir inferiorizado, pois parece-me que o meu plenamente inchado pouco mais tem do que dois dedos.
“O acidente ocorreu a 23 de Janeiro, pelas 23h00, quando Vítor Carapinha, que já “tinha bebido um copo a mais”, pegou num pacote de litro de vinho e o colocou entre os joelhos, para abrir com a navalha. “O braço escapou-me”, explicou.”
O braço escapou? E eu a pensar que os ferimentos tinham sido causados por uma navalha.
“Após estancar os ferimentos no pénis e numa perna com uma camisola, Vítor caminhou uma hora até ao Centro de Saúde da Chamusca, apoiado por um tio e um amigo. Mas a unidade estava encerrada.”
Com uma camisola? Bom, já ouvi chamar muitos nomes: chapéus, toucas, agasalho, camisas de Vénus, mas camisolas, confesso que ainda não tinha.
“O azar continuou depois de chamados os bombeiros para levarem o ferido ao Hospital de Torres Novas. A viagem, que deveria demorar 15 minutos, excedeu a duração habitual, porque a ambulância ficou retida na passagem-de-nível de Riachos grande parte do tempo.
“Senti-me a apagar”, referiu Vítor Carapinha, explicando que chegou a perder os sentidos. Já depois da 01h00, o ‘Botas’, como é conhecido, deu entrada na urgência do Hospital de Torres Novas, mas as coisas voltaram a dar para o torto: “Disseram-me que tinha de esperar até de manhã”.

Pois, para falhar a navalha e cortar o pénis, tendo a embalagem de vinho entre as pernas, só pode mesmo ser chamado de Botas. Uma pergunta: Vitor, és ribatejano ou africano? E já agora, deu para o torto? É normal, pá...
“Sem paciência e sem querer pagar o regresso de ambulância, Vítor dirigiu-se a uma cabina para telefonar, mas verificou que não tinha dinheiro. Irritado, danificou o aparelho. E foi isso que lhe valeu. Minutos depois a Polícia chegava e um agente emprestou-lhe dois euros para ligar à mãe, que o levaria a casa.
Na manhã seguinte, foi enfim assistido, no Centro de Saúde da Chamusca, onde tinha começado uma das noites mais azaradas da sua vida.”

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